segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Madre Madalena Damen

"Deus Cuida!"
Imagem retirada do site: http://www.irmasfranciscanas.com/

Bênção de Santa Clara de Assis

Oração de Francisco

Oração de São Francisco de AssisSenhor, fazei-me instrumento de vossa paz.Onde houver ódio, que eu leve o amor;Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;Onde houver discórdia, que eu leve a união;Onde houver dúvida, que eu leve a fé;Onde houver erro, que eu leve a verdade;Onde houver desespero, que eu leve a esperança;Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;Onde houver trevas, que eu leve a luz.Ó Mestre, Fazei que eu procure maisConsolar, que ser consolado;compreender, que ser compreendido;amar, que ser amado.Pois, é dando que se recebe,é perdoando que se é perdoado,e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Um olhar sobre as midias...será que são educativas....


As mídias na educação

José ManuelMoran
Especialista emprojetos inovadores na educação presencial e a distância
jmmoran@usp.br
Texto do meu livro Desafios na Comunicação
Pessoal. 3ª Ed. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 162-166.
“A ...simples introdução dos meios e das tecnologias na escola pode ser a forma mais
enganosa de ocultar seus problemas de fundo sob a égide da modernização
tecnológica. O desafio é como inserir na escola um ecossistema comunicativo que
contemple ao mesmo tempo: experiências culturais heterogêneas, o entorno das
novas tecnologias da informação e da comunicação, além de configurar o espaço
educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu
encanto”.
Jesús
Martín Barbero
[1]

As mídias
educam
Estamos deslumbrados
com o computador e a Internet na escola e vamos deixando de lado a televisão e o
vídeo, como se já estivessem ultrapassados, não fossem mais tão importantes ou
como se já dominássemos suas linguagens e sua utilização na
educação.
A televisão, o cinema
e o vídeo, CD ou DVD - os meios de comunicação audiovisuais - desempenham,
indiretamente, um papel educacional relevante. Passam-nos continuamente
informações, interpretadas; mostram-nos modelos de comportamento, ensinam-nos
linguagens coloquiais e multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de
outros.
A informação e a forma de ver o mundo
predominantes no Brasil provêm fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e
atualiza o universo sensorial, afetivo e ético que crianças e jovens – e grande
parte dos adultos - levam a para sala de aula. Como a TV o faz de forma mais
despretensiosa e sedutora, é muito mais difícil para o educador contrapor uma
visão mais crítica, um universo mais mais abstrato, complexo e na contra-mão da
maioria como a escola se propõe a fazer.
A TV fala da vida, do
presente, dos problemas afetivos - a fala da escola é muito distante e
intelectualizada - e fala de forma impactante e sedutora - a escola, em geral, é
mais cansativa, concorda?. O que tentamos contrapor na sala de aula, de forma
desorganizada e monótona, aos modelos consumistas vigentes, a televisão, o
cinema, as revistas de variedades e muitas páginas da Internet o desfazem nas
horas seguintes. Nós mesmos como educadores e telespectadores sentimos na pele a
esquizofrenia das visões contraditórias de mundo e das narrativas (formas de
contar) tão diferentes dos meios de comunicação e da
escola.
Percebeu que na
procura desesperada pela audiência imediata e fiel, os meios de comunicação
desenvolvem estratégias e fórmulas de sedução mais e mais aperfeiçoadas: o ritmo
alucinante das transmissões ao vivo, a linguagem concreta, plástica, visível?.
Mexem com o emocional, com as nossas fantasias, desejos, instintos. Passam com
incrível facilidade do real para o imaginário, aproximando-os em fórmulas
integradoras, como nas telenovelas.
Em síntese, os Meios
são interlocutores constantes e reconhecidos, porque competentes, da maioria da
população, especialmente da infantil. Esse reconhecimento significa que os
processos educacionais convencionais e formais como a escola não podem voltar as
costas para os meios, para esta iconosfera tão
atraente e, em conseqüência, tão eficiente. A maior parte do referencial do
mundo de crianças e jovens provém da televisão. Ela fala da vida, do presente,
dos problemas afetivos - a escola é muito distante e abstrata - e fala de forma
viva e sedutora - a escola, em geral, é mais cansativa.
As crianças e jovens
se acostumaram a se expressar de forma polivalente, utilizando a dramatização, o
jogo, a paráfrase, o concreto, a imagem em movimento. A imagem mexe com o
imediato, com o palpável. A escola desvaloriza a imagem e essas linguagens como
negativas para o conhecimento. Ignora a televisão, o vídeo; exige somente o
desenvolvimento da escrita e do raciocínio lógico. É fundamental que a criança
aprenda a equilibrar o concreto e o abstrato, a passar da espacialidade e
contigüidade visual para o raciocínio seqüencial da lógica falada e escrita. Não
se trata de opor os meios de comunicação às técnicas convencionais de educação,
mas de integrá-los, de aproximá-los para que a educação seja um processo
completo, rico, estimulante. A escola precisa observar o que está acontecendo
nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os
alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das
abordagens sobre cada assunto.
Precisamos, em
conseqüência, estabelecer pontes
efetivas entre educadores e meios de comunicação. Educar os
educadores para que, junto com os seus alunos, compreendam melhor o fascinante
processo de troca, de informação-ocultamento-sedução, os códigos polivalentes e
suas mensagens. Educar para compreender melhor seu significado dentro da nossa
sociedade, para ajudar na sua democratização, onde cada pessoa possa exercer
integralmente a sua cidadania.
Em que níveis pode ser
pensada a relação Comunicação, Meios de Comunicação e Escola? Entendemos que
esta pode ser pensada em três níveis:
1. organizacional
2. de conteúdo
3. comunicacional
- no nível organizacional: uma
escola mais participativa, menos centralizadora, menos autoritária, mais
adaptada a cada indivíduo. Para isso, é importante comparar o nível do discurso
- do que se diz ou se escreve - com a práxis - com as efetivas expressões de
participação.
- no nível de conteúdo: uma escola
que fale mais da vida, dos problemas que afligem os jovens. Tem que preparar
para o futuro, estando sintonizada com o presente. É importante buscar nos meios
de comunicação abordagens do quotidiano e incorporá-las criteriosamente nas
aulas.
- no nível comunicacional: conhecer
e incorporar todas as linguagens e técnicas utilizadas pelo homem contemporâneo.
Valorizar as linguagens audiovisuais, junto com as
convencionais.
Tem-se enfatizado a
questão do conhecimento como essencial para uma boa educação. É básico ajudar o
educando a desenvolver sua(s) inteligência(s), a conhecer melhor o mundo que o
rodeia. Por outro lado, fala-se da educação como desenvolvimento de habilidades: "Aprender a aprender", saber comparar,
sintetizar, descrever, se expressar.
Desenvolver a
inteligência, as habilidades e principalmente, as atitudes. Ajudar o educando a
adotar atitudes positivas, para si mesmo e para os outros. Aqui reside o ponto
crucial da educação: ajudar o educando a encontrar um eixo fundamental para a
sua vida, a partir do qual possa interpretar o mundo (fenômenos de
conhecimento), desenvolva habilidades específicas e tenha atitudes coerentes
para a sua realização pessoal e social. [[Ver o
capítulo A comunicação na educação do livro Mudanças na comunicação pessoal de
José Manuel Moran, São Paulo,
Paulinas, 2000, páginas, 155-166]].
A transmissão de
informação é a tarefa mais fácil e onde as tecnologias podem ajudar o professor
a facilitar o seu trabalho. Um simples CD-ROM contém toda a Enciclopédia
Britânica, que também pode ser acessada on line pela Internet. O aluno nem
precisa ir a escola para buscar as informações. Mas para interpretá-las,
relacioná-las, hierarquizá-las, contextualizá-las, só as tecnologias não serão
suficientes. O professor o ajudará a questionar, a procurar novos ângulos, a
relativizar dados, a tirar conclusões.
Que outras
contribuições as tecnologias podem dar ao professor? As tecnologias também
ajudam a desenvolver habilidades, espaço-temporais, sinestésicas, criadoras. Mas
o professor é fundamental para adequar cada habilidade a um determinado momento
histórico e a cada situação de aprendizagem.
As tecnologias são
pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que representam, medeiam o nosso
conhecimento do mundo. São diferentes formas de representação da realidade, de
forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou
paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor
apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do
educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e
atitudes.
As tecnologias
permitem mostrar várias formas de captar e mostrar o mesmo objeto,
representando-o sob ângulos e meios diferentes: pelos movimentos, cenários,
sons, integrando o racional e o afetivo, o dedutivo e o indutivo, o espaço e o
tempo, o concreto e o abstrato.
A educação é um
processo de construção da consciência crítica. Como então se dá esse processo?
Essa construção começa com a problematização dos dados que nos chegam direta e
indiretamente - através dos meios, por exemplo - recontextualizando-os numa
perspectiva de conjunto, totalizante, coerente, um novo texto, uma nova síntese
criadora. Essa síntese integra os dados tanto conceituais quanto sensíveis,
tanto da realidade quanto da ficção, do presente e do passado, do político,
econômico e cultural. Falamos assim, de uma educação para a comunicação. Uma
educação que procura ajudar as pessoas individualmente e em grupo a realizar
sínteses mais englobantes e coerentes, tomando como partida as expressões de
troca que se dão na sociedade e na relação com cada pessoa; ajudar a entender
uma parte dessa totalidade a partir da comunicação enquanto organização de
trocas tanto ao nível interpessoal como coletivo.
A educação para a
comunicação precisa da articulação de vários espaços educativos, mais ou menos
formais: educação ao nível familiar, trabalhando a relação
pais-filhos-comunicação, seja de forma esporádica ou em momentos privilegiados,
em cursos específicos também. A relação comunicação-escola, uma relação difícil
e problemática, mas absolutamente necessária para o enriquecimento de ambas,
numa nova perspectiva pedagógica, mais rica e dinâmica. Comunicação na
comunidade, analisando os meios de comunicação a partir da situação de uma
determinada comunidade e interpretando concomitantemente os processos de
comunicação dentro da comunidade. Educação para a comunicação é a busca de novos
conteúdos, de novas relações, de novas formas de expressar esses conteúdos e
essas relações.
A escola precisa
exercitar as novas linguagens que sensibilizam e motivam os alunos, e também
combinar pesquisas escritas com trabalhos de dramatização, de entrevista
gravada, propondo formatos atuais como um programa de rádio uma reportagem para
um jornal, um vídeo, onde for possível. A motivação dos alunos aumenta
significativamente quando realizam pesquisas, onde se possam expressar em
formato e códigos mais próximos da sua sensibilidade. Mesmo uma pesquisa
escrita, se o aluno puder utilizar o computador, adquire uma nova dimensão e,
fundamentalmente, não muda a proposta inicial.

Integrar as mídias na
escola
Antes da criança chegar à
escola, já passou por processos de educação importantes: pelo familiar e pela
mídia eletrônica. No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e
emocionalmente, a criança vai desenvolvendo as suas conexões cerebrais, os seus
roteiros mentais, emocionais e suas linguagens. Os pais, principalmente a mãe,
facilitam ou complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais ou menos
maduras, o processo de aprender a aprender dos seus filhos.
A criança também é
educada pela mídia, principalmente pela televisão. Aprende a informar-se,
a conhecer - os outros, o mundo, a si mesmo - a sentir, a fantasiar, a relaxar,
vendo, ouvindo, "tocando" as pessoas na tela, que lhe mostram como viver, ser
feliz e infeliz, amar e odiar. A relação com a mídia eletrônica é prazerosa -
ninguém obriga - é feita através da sedução, da emoção, da exploração sensorial,
da narrativa - aprendemos vendo as estórias dos outros e as estórias que os
outros nos contam.
Mesmo durante o período
escolar a mídia mostra o mundo de outra forma - mais fácil, agradável, compacta
- sem precisar fazer esforço. Ela fala do cotidiano, dos sentimentos, das
novidades. A mídia continua educando como contraponto à educação convencional,
educa enquanto estamos entretidos.
A educação escolar precisa
compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus
códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É
importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos
das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos. O poder público pode
propiciar o acesso de todos os alunos às tecnologias de comunicação como uma
forma paliativa, mas necessária de oferecer melhores oportunidades aos pobres, e
também para contrabalançar o poder dos grupos empresariais e neutralizar
tentativas ou projetos autoritários.
Se a educação fundamental é
feita pelos pais e pela mídia, urgem ações de apoio aos pais para que
incentivem a aprendizagem dos filhos desde o começo das vidas deles, através do
estímulo, das interações, do afeto. Quando a criança chega à escola, os
processos fundamentais de aprendizagem já estão desenvolvidos de forma
significativa. Urge também a educação para as mídias, para
compreendê-las, criticá-las e utilizá-las da forma mais abrangente possível.
A educação para os meios
começa com a sua incorporação na fase de alfabetização. Alfabetizar-se não
consiste só em conscientizar os códigos da língua falada e escrita, mas dos
códigos de todas as linguagens do homem atual e da sua interação. A criança, ao
chegar à escola, já sabe ler histórias complexas, como uma telenovela, com mais
de trinta personagens e cenários diferentes. Essas habilidades são praticamente
ignoradas pela escola, que, no máximo, utiliza a imagem e a música como suporte
para facilitar a compreensão da linguagem falada e escrita, mas não pelo seu
intrínseco valor. As crianças precisam desenvolver mais conscientemente o
conhecimento e prática da imagem fixa, em movimento, da imagem sonora ... e
fazer isso parte do aprendizado central e não marginal. Aprender a ver mais
abertamente, o que já estão acostumadas a ver, mas que não costumam perceber com
mais profundidade (como os programas de televisão).
Antes de pensar em produzir
programas específicos para as crianças, convém retomar, estabelecer pontos com
os produtos culturais que lhes são familiares. Fazer re-leituras dos programas
infantis, re-criação desses mesmos programas, elaboração de novos conteúdos a
partir dos produtos conhecidos. Partir do que o rádio, jornal, revistas e
televisão mostram para construir novos conhecimentos e desenvolver habilidades.
Não perder a dimensão lúdica da televisão, dos computadores. A escola parece um
desmancha-prazeres. Tudo o que as crianças adoram a escola detesta, questiona ou
modifica. Primeiro deve-se valorizar o que é valorizado pelas crianças, depois
procurar entendê-lo (os professores e os pais) do ponto de vista delas,
crianças, para só mais tarde, propor interações novas com os produtos
conhecidos. Depois podem-se exibir programas adaptados à sua sensibilidade e
idade, programas que sigam o mesmo ritmo da televisão, mas que introduzam alguns
conceitos específicos que, aos poucos, irão sendo incorporados.


[1] Jesús MARTÍN BARBERO. Heredando el Futuro.Pensar la Educación desde
la
Comunicación, in Nómadas, Boggotá, septiembre de 1996, n.
5, p. 10-22.

Clara de Assis: valores evangélicos e humanos

frei Fernando de Araújo,OFMConv.





No documento da proclamação do oitavo centenário do nascimento de Santa Clara de Assis, os quatro Ministros Gerais (OFM, OFMConv., OFMCap., TOR), convocaram todos os franciscanos e franciscanas a mergulharem profundamente nos valores fundamentais que fez de Clara de Assis uma mulher fora do comum para sua época. Os valores humanos e evangélicos que Clara encarnou em sem tempo, fazendo-se discípula do Evangelho e humilde plantinha do bem-aventurado Francisco, foram as grandes conquistas de Clara ao projeto de vida iniciado pelo pobrezinho de Assis.



É importante destacar que Clara começou sua jornada espiritual de baixo para cima, ou seja, tendo recebido a herança espiritual de Francisco se consumiu totalmente na contemplação do amor de Deus pelos homens e mulheres e que o amadurecimento humano era uma condição para uma verdadeira experiência de Deus.



Ao contemplá-lo, de forma constante, percebeu a importância da vida, da presença de cada irmão e irmã, como também de toda criação. E esses valores estão sempre presentes na vida de Clara, pois ela, para progredir constantemente no discipulado do Senhor, precisou ter esses ideais para uma profunda contemplação do amor de Deus.



Mas, o maior valor que Clara cultivou foi deixar tudo por Jesus Cristo! O abandono da casa paterna com todo o seu conforto, foi por Jesus Cristo. Deixar tudo para abraçar o Cristo pobre, humilde e crucificado foi o único e verdadeiro valor de sua vida. Por isso, ela O toma com esposo, como razão da sua existência. Não mais os pobres, mas o pobre; não mais oração, mas o encontro com Ele na oração!




Por isso, na caminha espiritual de Clara é preciso perceber os valores espirituais que ela vai adquirindo com o passar do tempo! Um valor importante que ela aprendeu com a convivência com Francisco foi a experiência do Crucificado. Tendo feito a experiência da cruz, Clara percebeu a pobreza como um valor indispensável na vida dela e na das demais companheiras. A pobreza proposta por Clara é a mesma que Francisco: “porque Jesus e sua Mãe foram pobres”. Ela não consegue ver Jesus Cristo senão como um pobre. Para isso, podem-se recordar os diversos passos de sua vida, como ela os vê no seu espelho de contemplação. Sua adesão maior foi na luta por não ter nada de próprio, como aprendeu com Jesus e Francisco.



Outro ponto importante para essa mulher extraordinária era a contemplação que cultivava, pois sempre foi uma “porta segura” para abraçar a causa do Crucificado, sempre na ótica de Francisco de Assis. E a característica da contemplação de Clara é toda visual, como a de Francisco: é pelos olhos que ela abre as portas para que as imagens vivas do Senhor presente na natureza e nas pessoas arranquem de sua interioridade aquela figura do Crucificado Pobre que sobe desde as suas raízes mais profundas.



Mas, para chegar a esta visão, Clara percebeu a beleza da vocação, que precisou ser cultivada a cada dia, com uma profunda intimidade com o Senhor. E tudo isso, porque ela enxergava em toda a vida a santidade, bem como toda existência humana, como uma resposta a vocação: dom constante de Deus que chamou à vida e ao qual se tem que querer corresponder diariamente, sempre crescendo do humano para o divino, para poder chegar ao princípio de tudo, que é Deus.




E a resposta à vocação recebida é o louvor ao Criador, que Clara aprende de Francisco e ensina a todos. Como a de Francisco, a vida de Clara é uma explosão de louvor a Deus. Todos os seus escritos transbordam dessa alegria de que vive descobrindo a presença do amor em tudo, pois sabia que tudo que existia vinha das mãos bondosas do Criador.



Estes foram alguns dos valores importantes existentes na vida de Clara de Assis, que a fizeram irradiar alegria e paz para todas suas companheiras e para todos. Por isso, olhando esses exemplos da fundadora das Damas Pobres, todos os homens e mulheres são convidados a cultivarem esses valores importantes para vida, principalmente o valor da gratidão a Deus 


Francisco de Assis

Quem foi Francisco de Assis?
Luiz Edmundo Tavares Júnior




Francisco de Assis nasceu em 26 de Setembro de 1182, na cidade de Assis , na Itália. Antes de entrarmos basicamente na questão, queria ressaltar que Francisco foi o mais querido santo que já passou pelo plano terrestre; sendo venerado por católicos, pelos protestantes e por outras filosofias.

É bom ressaltar que na época que Francisco nasceu e viveu, tínhamos uma Igreja católica dominante e corrupta. Como toda a criança , teve uma infância cheia de travessuras, até os 20 anos ajudava e era o orgulho do seu pai nos negócios. Decidiu ir a guerra contra Perusa, em nome de sua cidade. Foi preso e depois de um ano foi resgatado por seu pai por motivo de doença, juntamente com alguns outros que participaram na guerra. Foi nesta época que teve seus primeiros contatos com o evangelho.

Francisco descobre sua vocação aos 24 anos de idade, quando, segundo as fontes, recebe uma revelação na Igreja de São Damião. A partir de então, abandona tudo e todos, e sai em busca de sua paz, ajudando doentes, confortando miseráveis e leprosos, amando todos como irmãos. Será chamado de louco pois dará tudo o que tem aos pobres, porém torna-se mais forte com as críticas que recebe.

Francisco renuncia a todos os bens terrenos, e, sendo assim, ele trata de desprezar a própria vida mundana para encontrar como a pobreza e a felicidade que tanto almejava. Torna-se uma pessoa muito humilde, que também passou por muitas provações. Em suas viagens, quando ia as cidades para pregar, diziam que fazia muitos milagres. Muitos se convertiam, isto é, adotavam seu modo de vida. Desta forma, ele ia ficando cada vez mais famoso e por onde passava as pessoas queriam vê-lo e tocá-lo para terem uma lembrança do santo.

Ele pregava a humildade, a generosidade, o respeito a natureza e outros atributos extraídos dos ideais da cavalaria, já que ele também cresceu num ambiente em que os ideais de cavalaria eram consagrados como um estilo de vida. O amor cortês de Francisco derivava do amor pela esposa do Senhor, do mesmo modo que o cavaleiro bajulava a esposa do seu Senhor temporal. O poverello declarava o seu amor pela dama pobreza, esposa do seu senhor Jesus. Na medida em que notamos uma reordenação dos princípios e a aceitamos, podemos também admitir que Francisco foi um grande cavaleiro: o cavaleiro da dama pobreza.

A relação de Francisco com o seu tempo, parece-me uma relação ligada basicamente com a estrutura social e com os problemas aos quais seus contemporâneos enfrentavam. Estavam ocorrendo mudanças no âmbito econômico, e também havia um crescimento demográfico, as quais resultaram numa urbanização e numa maior aproximação da população com a religiosidade. Em suma a relação de Francisco com a pobreza , o trabalho, o progresso, etc..., revelam um Francisco afetado, pensando as questões postas por seu tempo; residindo seu traço inovador na forma como interpreta e lida com tais questões. A verdadeira inovação de Francisco foi se unir aos pobres, se tornando ele próprio um pobre.


São Francisco e a Palavra de Deus!



São Francisco de Assis palmilhou a estrada de sua existência no e a partir do Evangelho de Cristo. Foi na Sagrada Escritura que Francisco encontrou aconchego, conselho e exortações para sua vida. Na Palavra de Deus o Homem de Assis soube certamente buscar o que ansiava sua alma, e estabeleceu nesta Palavra o fundamento de sua vida.

São Francisco radicalmente viveu o Evangelho, não porque era um homem santo desde seu nascimento, pelo contrário, soube abrir espaço em seu coração para escutar, amar, refletir e viver a Palavra de Deus. São Francisco foi como o mestre da lei da Parábola de Jesus, do Evangelho de Hoje (1), “que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas”. (2)

Embora Francisco mesmo em seu testamento considerava-se “iletrado”, ele soube profundamente compreender a Palavra de Deus. Para tanto, Francisco ouvia, refletia e vivia. Ouvir no modo de São Francisco não significa apenas ouvir a algo que me é dito, mas sim auscultar, que por sua vez diz do modo simples de ouvir atentamente. Quem ouve atentamente a algo ouve com o coração. Uma vez ouvido com o coração Francisco memoriza a Palavra de Deus e reflete profundamente com amor em seu coração. Para refletir profundamente a Palavra de Deus é preciso abrir-se a luz da divina sabedoria. Quando nos ‘pré-dispomos’ a refletir algo sob a luz divina percebemos que tal reflexão brota em nosso coração, pois é próprio Deus agindo em nosso ser.

São Jerônimo que rememoramos hoje, assim como a Bíblia, pôs seus talentos a serviço de Deus por intermédio do papa Dâmaso, que o encarregou de preparar a Bíblia em latim. “Jerônimo nasceu em Estridão (Dalmácia) cerca do ano 340. Estudou em Roma e aí foi batizado. Tendo abraçado a vida ascética, partiu para o Oriente e foi ordenado sacerdote. Regressou a Roma e foi secretário do Papa Dâmaso. Nesta época começou a revisão das traduções latinas da Sagrada Escritura e promoveu a vida monástica. Mais tarde estabeleceu-se em Belém, onde continuou a tomar parte muito ativa nos problemas e necessidades da Igreja. Escreveu muitas obras, principalmente comentários à Sagrada Escritura”. (3)

São Jerônimo assim como São Francisco nos ensina a amar e colocar a Palavra de Deus em nosso coração.

Sendo assim, ouvir, refletir, amar e viver a Palavra de Deus foi o cotidiano da vida de Francisco. Por isso, entendemos que “para o santo de Assis a Sagrada Escritura se define como uma pedagogia divina. Nela e com ele Francisco cresceu até a maioridade do amor. Através da Sagrada Escritura atingiu a união com Deus e a contemplação, que Boaventura chamava de o prêmio da felicidade eterna” (4)

Com esta reflexão encerramos o mês da Bíblia, comprometendo-nos com a Palavra de Deus e deixando que a Inspiração divina nos guie nos caminhos da existência, assim como fez com São Francisco.T



(1) Cf. Mt 13,47-53

(2) Mt 13, 52

(3) OFICIO DIVINO. (Breviário) Petrópolis: Vozes, 2000, p.1384.

(4) DRAGO, Augusto. Palavra de Deus, Sagrada Escritura. Dicionário Franciscano. Petrópolis: Vozes, 1983, p.532.